domingo, 5 de abril de 2015

[RESENHA] "REENCONTRO", DE LEILA KRÜGER

Nome: Reencontro
Autora: Leila Krüger
Editora: Novos Talentos (Selo da Novo Século)
Fanpage: Facebook
Leia o primeiro capítulo: Issu
Onde comprar: Buscapé

Livro enviado como cortesia pela autora
"Está bem no fundo. Não se pode alcançar... aos poucos, vai roubando o ar."

Ana Luiza vai perdendo aos poucos seu fôlego: o fim de (mais) um grande amor, um pai distante, uma mãe fútil, uma amizade complexa e "pessoas que sempre vão embora". Com suas músicas de rock, seus livros e seus cigarros, Ana Luiza vê sua vida desmoronar. "O amor é uma ferida", ela sentencia. Procurando sobreviver e encontrar seu rumo, a "garota de olhar longínquo" tem um encontro inesperado com um alguém aparentemente muito diferente dela: os "olhos imensos", que tudo veem... 

Presa em seu próprio mundo e rendida ao álcool e às drogas, Ana Luiza tenta fugir de tudo. Principalmente do temido amor, que tanto a feriu... Ao mesmo tempo a garota procura entender as mudanças inesperadas e os "sonhos que nunca vão acontecer"... Como encontrar, ou reencontrar o próprio destino?

Ana Luiza é uma “guria” que está completamente desiludida com a vida. Em casa ela não tem nenhum incentivo que a faça se sentir otimista. A mãe é uma mulher rigorosa e o pai é um homem distante e frio, que costuma ser maldoso quando dirige a palavra a filha. Convivendo nesse ambiente familiar e tendo sofrido algumas grandes decepções por parte de amores e amigos passados, não é de se estranhar que Ana não acredite em amor ou em um futuro melhor.
“Será que a gente sempre tem pernas pra alcançar o que quer? A gente tem mais imaginação do que fôlego...”
É claro que existem poucas pessoas especiais em sua vida e entre tios, avós e amigos, vou citar Fernanda, carinhosamente chamada de Nana. Ela e Ana Luiza são melhores amigas e apesar de se assemelharem em muitos aspectos, elas ainda demonstram que podem ser bem diferentes em certos assuntos.

Ambas garotas amam ouvir músicas (especialmente rock), planejam viagens ao redor do mundo e adoram matar aula para ficar fumando fora da faculdade. No entanto, enquanto Nana é uma pessoa espontânea, que acredita em Deus e espera encontrar um homem especial, Ana Luiza é mais contida, não gosta de expor seus sentimentos, evita conhecer gente nova e perdeu a fé em Deus.

Outro personagem que não posso deixar de destacar é Rafa. Ele, Ana Luiza e Nana se conhecem na faculdade, e embora Ana faça o possível para ignorá-lo, ele de alguma forma acaba envolvido em seu restrito círculo de amigos. A amizade de Rafa e Ana evolui de um forma bonita e aos poucos ele vai ganhando sua confiança e penetrando a barreira que ela construiu ao redor de si mesma, conseguindo arrancar da porto-alegrense segredos que ela não conta nem mesmo a Nana. Ana Luiza bem que faz o possível para afastar o rapaz, mas ele se mantém lá, sempre tentando levantar o astral da garota.
“- Essa gelidez… – ela continuou – Eu não consigo tocar as pessoas. Tem um abismo entre mim e qualquer um. Entre eu e tu… Mas tu nunca vais entender, deixa pra lá.”
A história se início algum tempo depois que Ana leva um fora de seu até então namorado, por quem ela ainda é apaixonada. A narrativa - que se inicia nos primeiros meses do ano - avança conforme os dias e meses vão passando, e assim vamos acompanhando o caminho que a vida da protagonista vai tomando durante um ano inteirinho e a forma como ela enfrenta seus problemas. A dor do relacionamento acabado, um possível pretendente, a separação dos pais, a perda de pessoas queridas, o medo de se apaixonar outra vez e sua falta de fé e vontade de viver.

Ana Luiza é uma personagem difícil e autodestrutiva. Toda problemática, não acredita haja salvação para ela e tampouco faz esforços para melhorar. Admito que em alguma parte da história eu cheguei a odiá-la, porque é sério, a garota vive afundada em um poço de auto piedade e não possui a mínima vontade de sair de lá. Ana tenta resolver seus problemas da pior maneira possível: abusando das drogas. Quanto mais a narrativa avança e os problemas aparecem, mais pesadas são as drogas a qual ela recorre e só quando as coisas ficam realmente feias, ao ponto de ser preciso outras pessoas intervir, é que ela percebe que precisa mudar esse seu jeito de lidar com os problemas da vida.
“- Rafa, eu nunca fiz nada certo. Nunca fui muito boa em nada. Eu não sou como as minhas primas. Eu sou a ovelha negra, sabe?
- Quem disse que é sempre ruim ser a ovelha negra? A pobrezinha só é diferente. E ser diferente, nesse mundo... pode ser muito bom.”
“Reencontro” é o tipo de livro que faz com que o leitor se sinta parte da história e isso se deve ao fato dela ser bem real, isto é, os problemas da protagonista podem acontecer com qualquer um e em qualquer lugar. Todos nós podemos em algum momento de nossas vidas nos sentir sem esperanças, desiludidos e em luto, então é fácil se conectar com Ana Luiza e entender algumas de suas ações - o que não quer dizer que vamos concordar com as coisas que ela faz.

Leila Krüger criou uma linda história sobre recomeço, ganhar uma segunda chance da vida e de como é preciso manter a fé, mesmo quando tudo parece perdido e que nada irá se resolver. A leitura fluiu muito bem, gostei da escrita da autora e o modo como ela abordou os temas no livro. O sotaque e as gírias de Porto Alegre foi uma surpresa para mim (sou do interior de São Paulo), e é claro que estranhei – e muito – no início, mas acabei de acostumando, então posso dizer que isso não atrapalhou minha apreciação a obra. Aliás, depois que finalizei o livro fiquei com saudades da Aninha e do Rafa.

Este foi o livro de estreia da Leila Krüger e digo que a autora começou muito bem. Com certeza é uma leitura que eu recomendo.
“Ana Luiza tinha especial atração por aquela palavra: coragem. Admirava-a. Mas tratava-se de uma palavra arisca, selvagem, difícil de se alcançar.”

Conheça a autora:


Leila Krüger Nasceu em Ijuí, Rio Grande do Sul. É romancista, poeta e contista. Tem poemas e contos em jornais, revistas e portais na Internet. Lançou "Reencontro", sua primeira obra, um romance, em 2011 pela Editora Novo Século – SP. Após recebeu premiações nas categorias conto e poesia. Lançou o livro de poemas "A Queda da Bastilha" na Feira do Livro de Porto Alegre em 2012, pela Confraria do Vento – Rio. Em 2014 publicou o livro de crônicas "Coração em Chamas", pela Multifoco – Rio, selo Redondezas Crônicas. Participou de várias antologias de poemas e contos entre os anos de 2011 e 2014.

Contato: Facebook | Twitter | Instagram | Blog

Outras obras:


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2 comentários:

  1. Olá, gostei muito da resenha, gostaria de ler o livro, poderia mandar para o meu e-mail. yone.carvalho @hotmail.com Grata desde já:)

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    1. Oii Nany, fico feliz que tenha gostado da resenha. Esse livro é muito bom, mas o ganhei da autora. Você pode comprar o seu em um dos sites que eu citei nas informações acima (perto da capa) ou tentar entrar em contato com a Leila Krüger. :)

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