terça-feira, 13 de janeiro de 2015

[RESENHA] "PERDIDA", DE CARINA RISSI

Nome: Perdida
Autora: Carina Rissi
Série: Perdida (#01)
Editora: Verus
Onde comprar: Buscapé
Sofia vive em uma metrópole e está acostumada com a modernidade e as facilidades que ela traz. Ela é independente e tem pavor à mera menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são aqueles que os livros proporcionam.

Após comprar um celular novo, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século dezenove, sem ter ideia de como voltar para casa – ou se isso sequer é possível. Enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de retornar ao tempo presente, ela é acolhida pela família Clarke.

Com a ajuda do prestativo – e lindo – Ian Clarke, Sofia embarca numa busca frenética e acaba encontrando pistas que talvez possam ajudá-la a resolver esse mistério e voltar para sua tão amada vida moderna. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos...

Resenhas | Série “Perdida”


  


Sofia Alonzo é uma típica jovem do século XXI. Independente financeiramente, ela é uma das funcionárias mais eficientes da empresa onde trabalha... desde que possa contar com a ajuda da tecnologia. Sofia é uma grande apreciadora das invenções modernas do nosso tempo e não se imagina vivendo sem coisas como computador, celular, cafeteira elétrica, comida congelada, micro-ondas, etc.
Como as pessoas conseguiram viver sem o computador por tanto tempo? — pensei. Levaria dias para que eu conseguisse colocar em ordem os meus e-mails, minha conta no Facebook e, provavelmente não conseguiria ler todas as postagens no Twitter. Teria que fazer isso assim que chegasse em casa. Ficar sem internet era como se eu deixasse de existir, não fizesse mais parte do mundo. Completamente isolada virtualmente!”
É assim que ela se mete na maior confusão de sua vida. Depois de perder seu celular no vaso sanitário e incapaz de ficar sem ele, ela vê-se obrigada a comprar um novo aparelho. Na loja ela encontra uma vendedora muito esquisita, mas ignora suas intuições, afinal, a mulher lhe apresentou um celular de última geração por um preço bastante generoso. O que Sofia não imaginava é que o seu tão precioso objeto a mandaria direto para o ano de 1830.

Em pleno século XIX Sofia é acolhida pelo jovem Ian Clarke, que em um primeiro momento fica horrorizado com as suas roupas curtas - um escândalo para a moda da época. Solidarizado com a situação dela - perdida, confusa, 'sem roupas' e falando de um jeito incompreensível para ele -, Ian resolve hospedá-la em sua casa enquanto tenta ajudá-la a voltar para a sua terra natal.

Sofia não tem como explicar a Ian que vive em uma cidade há duzentos anos à frente - não sem acabar em um hospício. Ela também não tem ideia de como voltar, já que para começo de conversa, nem sabe como aquele pequeno aparelho foi capaz de mandá-la para um passado tão distante. Tudo o que ela sabe é que o celular só serve para que a vendedora misteriosa entre em contato com ela - e não vice-versa - e que, segundo lhe foi dito, ela só poderá voltar para a casa quando encontrar o que procura e então realmente começar a viver. Mas Sofia achava que tinha uma vida completa, então do que ela está à procura? E ela já não estava vivendo a sua vida?
— Sofia, você precisa completar sua jornada, querida. Descobrir quem realmente é.
— Eu sei quem eu sou! Não preciso de coisa alguma. — o desespero começava a me invadir.
— Precisa sim. Só que ainda não sabe disso. — ela riu Suavemente.
Durante toda a história acompanhamos Sofia tentando completar a sua jornada e se meter em confusões por interpretar errado algumas dicas que a suposta vendedora envia por mensagem de texto no celular. Mas, mais do que isso, tem a luta de Sofia para não se apegar a ninguém dali, pois embora ela não saiba como, ela sabe que em algum momento vai retornar para o século XXI e quando isso acontecer, todas as pessoas que ela conhecer em 1830 já estarão mortas. No entanto, é impossível não se afeiçoar a pessoas que ela vê todos os dias e que são tão boas para ela, assim como é impossível dizer ao seu coração qual homem ela não deve amar.

Quando um sentimento mais forte surge na relação de Ian e Sofia, ela não sabe o que fazer para evitar o sofrimento que parece inevitável. Ela seria capaz de largar sua melhor amiga Nina e toda as modernidades convenientes do século XXI pelo amor de Ian? Ela ao menos tem a opção de escolher onde quer ficar?
“Eu sabia que voltaria para casa — não sabia como, mas acabaria descobrindo — e que aquelas pessoas, todas elas, incluindo Ian, não. Eles ficariam onde deveriam ficar, no lugar ao qual pertenciam. Eu não podia me envolver emocionalmente com nenhum deles.”
"Perdida" é um romance delicioso, o que fez com que fosse muito mais fácil eu me perder na história. Sofia é uma jovem do século XXI e não importa em que ano esteja ela vai continuar agindo como tal, o que rende cenas bem divertidas. Atrevida, desbocada e independente, suas atitudes deixam todos de boca aberta e seu vocabulário regado a gírias sempre deixa as pessoas com um olhar confuso. Por não ter o padrão das mulheres de 1830, Sofia divide opiniões quanto a sua moral, fazendo amigos, mas também ganhando alguns desafetos.

Ian é o típico protagonista masculino que coleciona admiradoras. Ele é órfão de mãe e pai, portanto é o responsável por dirigir os negócios da família e também por cuidar de sua irmã adolescente, Elisa. Protetor e amigável, ele se esforça para tentar entender e ajudar Sofia, mas isso não é fácil já que ele só recebe explicações pela metade.

Para os leitores que amam um bom romance não tem como não indicar "Perdida". Carina Rissi é uma autora do qual eu me sinto orgulhosa de dizer que é brasileira e me atrevo a dizer que sua história é muito melhor do que várias obras internacionais que já li por ai. Mesmo com todos os detalhes de duzentos anos atrás, eu constantemente me esquecia de que a história acontece em outra época, e isso se deve a divertidíssima Sofia e seu jeito de mulher moderna. Engraçado que assim como Sofia, eu também não me imagino sem meu computador e celular, no entanto ao ler "Perdida", por várias vezes me peguei com o pensamento de que adoraria viver no século XIX com os Clarke. Apaixonei-me pela história de amor dos protagonistas, que tem uma mistura do romance recatado da época com todo o atrevimento dos dias de hoje.
“— Perdoe-me, Sofia. — ele disse, tocando o local em meu braço onde sua mão esteve agarrada até alguns segundos atrás. 
—Tudo bem, — sussurrei — Não me machucou, nem nada disso, 

Ian sorriu tristonho. 

—Não estou me saindo muito bem. Mas essa é a primeira vez que me apaixono. — e sorriu timidamente.”
Também adorei a mensagem que Carina implantou na narrativa. Estamos cercados de boas invenções e tão obcecados com as modernidades que esquecemos de olhar a nossa volta e viver a nossa vida fora das telas do celular e computador. Assim é a protagonista Sofia, que não conseguia se desprender de todas as coisas materiais, até ser obrigada a apreciar a vida sem todas essas regalias e perceber que há muito mais a sua volta.

2 comentários:

  1. Realmente não poderia utilizar outra palavra para a leitura desse livro que não fosse deliciosa, eu gostei bastante dele, a Carina escreve de um jeito tão encantador. E eu também sou uma super admiradora do Ian! Haha.

    Beijos!
    livrosdawis.blogspot.com.br

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    1. Como não se apaixonar pelo Sr. Clarke? HAHA <3 Já estou com a sequência e pretendo ler em breve, o ruim será esperar pelo terceiro livro D: Carina tem uma escrita muito gostosa mesmo, tão fácil entrar na história. *-*

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