quarta-feira, 8 de abril de 2015

[RESENHA] "MENTIROSOS", DE E. LOCKHART

Nome: Mentirosos
Autora: E. Lockhart
Editora: Seguinte
Onde comprar: Buscapé
Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão numa ilha particular. Cadence – neta primogênita e principal herdeira –, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Cadence admira Gat por suas convicções políticas e, conforme os anos passam, a amizade com aquele garoto intenso evolui para algo mais.

Mas tudo desmorona durante o verão de seus quinze anos, quando Cadence sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido... até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.


“BEM-VINDO À bela família Sinclair.
Ninguém é criminoso.
Ninguém é viciado.
Ninguém é um fracasso.
Os Sinclair são atléticos, altos e lindos. Somos democratas tradicionais e ricos. Nosso sorriso é largo, temos queixo quadrado e sacamos forte no tênis.”
A família Sinclair é uma das mais importantes dos Estados Unidos. Ricos, lindos, misteriosos, inalcançáveis e invejáveis. É assim que eles são vistos aos olhos dos observadores, que nem sequer imaginam os problemas que rondam os perfeitos Sinclair.

Harris, o patriarca da família, é o dono da Beechwood, uma ilha particular que é para onde ele e a esposa, suas três filhas e os filhos destas vão todos os anos, durante o verão.

A história foca-se  em Cadence, a neta primogênita e supostamente a principal herdeira da família. O verão é a única época do ano em que Cadence pode passar um longo tempo ao lado de seus primos Mirren e Johnny, e também de seu amigo Gat. Juntos eles são os "mentirosos", nome que ganharam dos mais velhos devido as suas peripécias.
 “EU, JOHNNY, MIRREN E GAT. Gat, Mirren, Johnny e eu.
A família se refere a nós quatro como os Mentirosos, e é provável que mereçamos.”
Todos os anos os jovens se reúnem em Beechwood e divertem-se como se não houve um mundo fora da ilha. É visível o amor, amizade e companheirismo entre os quatro, independente das desavenças de seus pais, que brigam pela herança, ou da falta de contato que eles mantêm durante as outras épocas do ano.
“Nunca mantínhamos contato durante o ano. [...] De certo modo, a magia de Beechwood nunca foi transportada para nosso cotidiano. Não queríamos saber dos amigos da escola, clubes e times uns dos outros. Sabíamos que nossa afeição seria renovada quando nos víssemos no cais no mês de junho do ano seguinte, o ar salgado, o sol refletindo na água.”
Tudo muda quando, no verão de seus quinze anos de idade, Cadence sofre um misterioso acidente que a deixa com amnésia e terríveis dores de cabeça que parecem não ter fim. Depois desse evento ela fica um verão sem ir à ilha da família, trocando suas amadas férias por visitas médicas e se entupindo de remédios.

Durante esse tempo Cadence tentou entrar em contato com os mentirosos, sem obter sucesso. Então, agora com dezessete anos de idade, ela retorna a Beechwood para reencontrar sua família e ao ver os problemas com pesadelos, compulsões e doenças que assolam seus parentes, percebe que não foi a única a ser afetada pelo tal acidente.

Por que seus amados Mentirosos não responderam aos e-mails enviados? Por que ninguém em sua família quer falar sobre o acidente do verão dos quinze? O que pode ter sido tão terrível a ponto de afetar os perfeitos Sinclair? Todos esses problemas só aumentam a disposição de Cadence para tentar resolver esse enigma, recuperar suas memórias e descobrir a verdade sobre o que aconteceu há dois anos.
“Quero voltar para Beechwood. Quero ver Mirren e deitar no sol, planejando nosso futuro. Quero brigar com Johnny, ir mergulhar e fazer sorvete. Quero acender fogueiras na praia pequena. Quero que a gente se empilhe na rede da varanda de Clairmont e volte a ser os Mentirosos, se possível. Quero me lembrar do acidente.”
Eu não sei nem o que dizer sobre essa história, ou como transformar em palavras os meus sentimentos. A frase de John Green na capa do livro não poderia ser mais verdadeira, "Mentirosos" é uma história emocionante e inesquecível.

Durante toda a minha leitura fiz diversas e diversas suposições sobre o que poderia ter acontecido, mas em nenhum momento cheguei perto de descobrir o segredo da família. E nada me preparou para a devastadora verdade. As páginas finais eu li com lágrimas nos olhos e coração na boca, e em todo esse momento eu desejei que a autora fizesse daquilo um pesadelo, pegadinha, loucura ou qualquer outra coisa que anulasse aquele desfecho.

A dor no coração foi grande - ainda é quando penso sobre - e uma confusão de sentimentos tomou conta de mim ao chegar ao final do livro. Fiquei triste, com raiva, chocada, devastada e impressionada com a criatividade da autora.

Antes de decidir ler “Mentirosos”, procurei por várias resenhas para ver se valia ou não a pena a leitura, e me lembro de muita gente dizendo que a autora dá várias pistas, ao longo da narrativa, sobre o segredo dos Sinclair. Esforcei-me para encontrá-las e desvendá-las, porém foi impossível até que eu lesse a última página. Ainda precisei de mais um dia – quando o choque já tinha passado – para conseguir repassar a história na mente e entender algumas ações dos personagens.

Cada detalhe é muito bem trabalhado e no final ficamos com uma mensagem, que veio a partir da história de uma família perfeita que é destruída pela ganância, preconceito, mentiras e a competição entre quem é melhor que quem. Péssimo é que o coração do leitor é destruído junto.

E. Lockhart deu um show de inteligência em sua fascinante escrita. A leitura flui muito bem, mas o fato de a narrativa ficar intercalando entre as memórias de Cadence do verão dos quinze e o verão de seus dezessete me deixou um pouco confusa. No entanto, me pergunto se isso foi planejado pela autora, para despistar os leitores do segredo dos Sinclair. Como eu disse, cada detalhe é muito bem trabalhado.

Confusão a parte, a leitura valeu muito a pena. “Mentirosos” é um dos melhores livros que li este ano e sua história me marcou. E claro, não posso me esquecer do ótimo trabalho feito pela Editora Seguinte. A revisão está perfeita e a capa é maravilhosa; vendo as capas de outros países que chegam a dar spoiler sobre o desfecho, dei graças a Deus pela arte nacional.
“BEM-VINDO, MAIS UMA VEZ, à bela família Sinclair.
Acreditamos em exercícios ao ar livre. Acreditamos que o tempo cura.
[...]
Não discutimos nossos problemas em restaurantes. Não acreditamos em demonstrações públicas de angústia. Nosso lábio superior é rígido e é possível que as pessoas fiquem curiosas a nosso respeito porque não abrimos nosso coração.
É possível que apreciemos o modo como as pessoas ficam curiosas a nosso respeito.”

4 comentários:

  1. Li esse livro e me acabei em lágrimas. Não me lembro de nunca ter lido nada parecido e acho que esse é um dos melhores livros que a seguinte já publicou e que com certeza está entre meus favoritos. Fiz minha amiga ler só para comentar o final kkkkkkkk

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    1. Sei bem esse sentimento de terminar e querer comentar com alguém. Fiquei muito surpresa com o desfecho e de coração partido. Quero só ver as lágrimas rolando quando sair a adaptação para o cinema. =S

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  2. O enredo até então não tinha capturado minha atenção, mas sua resenha mudou completamente minha opinião! Quero ler Mentirosos o mais rápido possível e descobrir o famigerado final!
    Gislaine | Paraíso da Leitura

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    1. Recomendo muito. O livro é ótimo e emocionante. Espero que dê sim uma chance e que goste tanto quanto eu. =D

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